É preciso compreender o real papel social da escola e da família, enquanto instituições educadoras.
Segundo a Constituição Brasileira, a família tem o dever de assegurar a dignidade da pessoa humana, ou melhor, é instrumento de estruturação e desenvolvimento da personalidade de cada um de seus integrantes e garantindo-lhes o direito à vida. A família é uma instituição de caráter particular e individual, ou seja, desenvolve valores e atitudes oriundos de crenças e culturas específicas dentro de um contexto individual ou, no máximo, em pequenos grupos.
A escola, por sua vez, é responsável pela promoção do desenvolvimento do cidadão, no sentido pleno da palavra. Cabe-lhe definir as mudanças que julgar necessárias fazer nessa sociedade, através das mãos do cidadão que irá formar. A escola atua dentro de um contexto coletivo, a partir de atividades grupais que facilitem a aprendizagem da vida em grupo.
É fundamental compreendermos que tanto família quanto escola têm papéis semelhantes que são desempenhados em contextos diferentes (ao contrário do erroneamente divulgado “família educa/escola ensina”). A família foca o indivíduo, visando sua vida de relação e a escola foca o cidadão, que deve integrar uma sociedade sobre a qual deve lançar um olhar crítico. As duas educam cada uma em seu contexto. As duas ensinam valores, limites, regras e atitudes. O ideal é que escola e família atuem de forma colaborativa para facilitar a formação do cidadão.
Porém, é importante ressaltar que diante da profunda crise em que se encontram as quatro instituições sociais educadoras (A Família, a Igreja, a Escola e o Estado), a escola é a que tem melhores condições de superar a crise mais rapidamente e essa superação passa pela consciência de seu papel, muitas vezes decisivo no futuro de uma criança ou jovem. A questão pode ser traduzida pela pergunta: qual o papel da escola com relação aos alunos cujas famílias não apresentam a menor possibilidade de ação educativa? Penso que diante de tal dilema, a escola não deve se isentar do processo, “lavando as mãos” em situações críticas, mas sim fazer o máximo possível para educar dentro do contexto escolar. É igualmente essencial que a escola compreenda que deve fazer isso enquanto escola e que jamais poderá substituir a família em seu papel social, assim como jamais poderá substituir a Igreja e o Estado.